A obrigação de perdoar ofensas pode tornar-se um problema sério para pessoas que estão tentando levar uma vida honesta. Mas geralmente o problema não vem do perdão em si, mas do mal entendido e preconceitos em relação a ele. O erro mais comum é de identificar o perdão com um sentimento. Perdoar é um ato que a gente faz e não necessariamente uma coisa que a gente sente. O Senhor Nelson, um protestante da Irlanda do Norte, perdoou publicamente os membros do IRA que assassinaram seu filho, mas isto não quer dizer que ele vai deixar de sentir a tristeza da perda ou que ele não vai sentir-se mal na presença deles.
Perdoar sempre ajuda a recuperar a serenidade, mas uma pessoa pode sentir um calafrio no corpo ao encontrar-se com aquele que a machucou, muitos anos depois de tê-lo perdoado. Aquele sentimento somente indica que a ferida causada pela ofensa ainda não sarou completamente. É uma reação espontânea de auto-defesa que partilhamos com todos os outros seres vivos. “Gato escaldado teme até água fria”.
Outra idéia errada é que perdoar deve levar a esquecer. Nenhum ato de vontade pode eliminar uma lembrança. Todos os acontecimentos da vida ficam gravados no inconsciente como se fossem em um CD. A fita da vida pode ser re-programada para suscitar sentimentos diferentes, mas não pode ser apagada. Até memórias gravadas no útero materno ou na primeira infância podem ser trabalhadas por meio de várias terapias. O DNA de cada célula do corpo contém memórias herdadas de gerações anteriores. Esquecer é um fenômeno passageiro. Mais cedo ou mais tarde a gente relembra algum fato “esquecido”. Daí a conclusão de que é inútil e às vezes, frustrante falar com alguém: “Tem que esquecer as ofensas” ou “O negócio agora é esquecer e tocar a vida para frente”. Perdoar e esquecer são sinônimos somente para Deus.
O relacionamento entre duas pessoas que se perdoam mutuamente sempre atinge um nível mais profundo. Mas perdoar nem sempre implica uma volta a um relacionamento normal com a pessoa perdoada. A infidelidade conjugal pode ser perdoada sem que a pessoa traída volte à convivência com aquele que a traiu. Uma vez atingida a confiança numa área tão íntima e tão vulnerável, sempre ficará o medo de outra traição, mesmo com uma outra pessoa.
O machismo vê o perdão como fraqueza e a vingança como uma necessidade. Mas se “olho por olho e dente por dente” fosse o ideal, eventualmente toda a humanidade ficaria cega e desdentada.
Longe de ser uma fraqueza, perdoar, para a grande maioria das pessoas, não é fácil, sobretudo se a ofensa for repetida. E fica pior quando a pessoa ofendida está se sentindo mal e tem que ouvir frases: “Como bom cristão você não pode estar se sentindo assim” ou “Tem que perdoar”. “Bons conselhos” só podem deixá-la sentindo-se pior ainda.
Quando a dificuldade em perdoar parece insuperável, a melhor saída é rezar assim: “Meu Deus, o Senhor tem perdão de sobra, desejo perdoar aquela pessoa, mas não estou conseguindo. Por favor, perdoe-a no meu lugar. Meu Deus, o Senhor tem amor de sobra. Desejo amar aquela pessoa mas não estou conseguindo. Ame-a no meu lugar”. É uma oração de muito amor e muito perdão, mas que respeita nossos limites humanos. Elimina a tentação de fingir algo fora da realidade e responde às dúvidas: – Será que eu perdoei mesmo? - Será que posso rezar o Pai Nosso ou receber Jesus na comunhão enquanto estou sentindo assim?
Pessoas que cometem crimes terríveis a melhor solução é colocá-los e suas vítimas nas mãos de Deus para que ele tome conta de ambos. Todos eles são seus filhos e filhas e ele entende muito melhor do que nós as carências emocionais e espirituais e as doenças patológicas que levam pessoas a cometer tais crimes.
A aceitação de um gesto de perdão depende de quem recebe. Pode acontecer que essa pessoa não vê nada de errado no seu comportamento ou acha merecido o sofrimento causado. Esta reação de quem está sendo perdoado não tem nada a ver com o valor do ato de perdoar, mas se a expectativa de quem perdoou era de recuperar o relacionamento, pode deixá-lo sentindo uma certa insatisfação. Nestes casos é bom reconhecer a possibilidade que a agressão ou ofensa foi provocada em parte pelo comportamento da vítima porque ninguém briga sozinho.
Perdoar faz bem à saúde porque resulta em sentimentos de paz, harmonia e felicidade. O bem estar emocional e espiritual ajuda o corpo a produzir hormônios, anticorpos e vacinas naturais que reforçam o sistema imunológico, combatem a doença e promovem a saúde.
Guardar ressentimento prejudica a saúde, sendo a maior causa de depressão, problemas cardíacos, respiratórios, digestivos, pressão alta, artrite, cálculos renais e até câncer.
A pessoa que guarda rancor esquece de cuidar de si enquanto fica com a imaginação cheia de lembranças amargas ou planos de vingança. Sentimentos de raiva ou ódio direcionam as energias para uma linha destrutiva de si (pela repressão) ou dos outros (pela agressão).
Afinal, a vida é curta demais para perder um dia de felicidade ou uma noite de sono pela falta de perdão.
Se o ato de perdoar faz tanto bem, pedir perdão é igualmente necessário e benéfico para a saúde.
Ninguém é perfeito, nem precisa ser. Todo dia a gente fala e faz coisas que têm um efeito negativo na vida de outras pessoas, dos animais e da natureza. Daí a necessidade de reconhecer nossos erros. Reconhecer que algum comportamento nosso tem prejudicado outra pessoa leva naturalmente ao sentimento de culpa. Na psicologia moderna a culpa tem má fama e alguns psicólogos fazem de tudo para prevenir ou eliminá-la da vida dos seus clientes. Mas como já vimos em artigo anterior sobre as emoções (ver Saúde Integral número 5), nenhum de nossos sentimentos é por si negativo. Cada um deles tem uma finalidade boa. A finalidade de um sentimento de culpa é de levar a pessoa a admitir seu erro e pedir perdão. Mas é muito importante distinguir entre o sentimento de culpa sadio e sua forma exagerada e doentia que se chama remorso.
O remorso pode ter três causas distintas:
1. Quando a pessoa, por causa de uma má formação moral, acha que quase tudo que faz ou pensa é pecado e que todo pecado é uma grave ofensa a um Deus que castiga os pecadores. Por causa daquela neurose, muitas vezes estas pessoas continuam sentindo culpa mesmo depois de serem perdoadas.
2. Uma pessoa continua “remoendo” as conseqüências negativas e imprevisíveis de algum erro do passado. Seria o caso de um pai que emprestou seu carro ao filho que na volta de uma festa capotou e morreu ou de um boxeador que sem malícia deu um golpe que levou seu adversário à condição de paraplégico. O remorso em tais situações é resultado de uma procura de perfeição e uma falta de aceitação dos limites humanos que impedem a pessoa de perdoar a si, mesmo depois de ter sido perdoada pelas “vitimas”. Os eventos inesperados ou fora de nosso controle fazem parte da condição humana. O “Super-homem” só existe nas páginas dos gibis e na imaginação das crianças.
3. O ato de perdoar ou pedir perdão demora tanto que a morte intervém e não há mais oportunidade de comunicá-lo aqui na terra. É o caso, às vezes, de brigas não resolvidas entre pais e filhos ou de casais que não conseguiram resolver a tempo alguma briga conjugal. “Chorar o leite derramado” é uma perda inútil de energia. Mais uma vez a solução é aceitar a fragilidade da vida, perdoar a si mesmo e tocar o barco para frente.
As várias instituições da sociedade “pecam” constantemente contra seus membros. As instituições religiosas também. O Papa João Paulo II já pediu perdão a mais de cem grupos diferentes que, ao longo dos séculos, foram as vítimas de injustiças e perseguições por parte da igreja católica. Uma das orações da missa fala até da “igreja santa e pecadora’. Com certeza um futuro Papa pedirá perdão pelos erros que estão sendo cometidos pela igreja nos dias de hoje.
Trataremos em outro artigo da misericórdia infinita de Deus e seus benefícios para a saúde do corpo, da alma e do espírito.
Concluímos com as palavras sábias do Arcebispo Desmond Tutu, grande lutador pacífico pelo fim do aparthed na África do Sul e agora grande facilitador do mútuo perdão entre negros e brancos na África:
“A reconciliação é uma necessidade indispensável para a continuidade da existência humana”.
Padre Leonardo é sacerdote irlandês, terapeuta, mestre em Reiki e colaborador de Saúde Integral.
Atualmente reside em Angra dos Reis – RJ padraigleonard@yahoo.com – Tel. (24) 3377-4729
PERDOE ASSIM MESMO
Muitas vezes o povo é egocêntrico, ilógico e insensato. Perdoe-o assim mesmo.
Se você é gentil, o povo pode acusá-la de egoísta, interesseira. Seja gentil assim mesmo.
Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros. Vença assim mesmo.
Se você é honesta e franca, o povo pode enganá-la. Seja honesta e franca assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra. Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, o povo pode sentir inveja. Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje, o povo pode esquecê-lo amanhã. Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que, no fim das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e o povo.
(Madre Teresa de Calcutá) ____ Por Padre Leonardo
Suzete é Naturopata, Iridóloga e Instrutora dos Exercícios Visuais. Autora do livro: Cuide de Seus Olhos
Contato: suzete@saudeintegral.com
Sites: www.saudeintegral.com, www.iridologiasp.com.br e www.metodobates.com.br
Fonte da reportagem: http://www.saudeintegral.com/artigos/perdoar-faz-bem-a-saude.html
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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